Lasar Segall

01/10/2012 – Pinakotheke – Salvador – Exposição – Nereide Schilaro Santa Rosa

Lasar Segall (Click para ver o artigo original)

Exposição sobre o trabalho artístico de Lasar Segall (1851 – 1957)

ARTE-EDUCAÇÃO – Suplemento com sugestões de atividades didáticas para ENSINO INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL 1, ENSINO FUNDAMENTAL 2 e ENSINO MÉDIO

Caro(a) Professor(a)

Visitar uma exposição de arte é um momento especial em nossas vidas. Trata-se de um encontro com a expressão de pensamentos e sentimentos de pessoas sensíveis e uma rara oportunidade de apreciar obras únicas. Esse encontro acontece de diferentes maneiras: quando apreciamos a obra de arte, ao imaginarmos o processo construtivo que culminou naquela obra e quando estabelecemos contato visual com o próprio espaço expositivo. O artista, ao elaborar sua obra, assim como o curador da exposição, pensa sobre cada detalhe, sobre as cores, as formas, os materiais, o local, o tamanho e muito mais. Visitar uma exposição de arte é sentir e apreciar tudo isso. Ê pensar sobre cada obra, sobre a intenção do artista, como ele organizou o material e escolheu determinado suporte para obter o resultado esperado. Esta exposição organizada pela curadora Vera d’Horta, trata especificamente, da obra de Lasar Segall, integrante do Modernismo brasileiro e um dos nomes mais importantes do movimento expressionista no Brasil. Nasceu em Vilna, capital da Lituânia, em 1891. Aos 15 anos, foi viver na Alemanha e estudou na Academia Imperial de Belas Artes de Berlim. Mais tarde se transferiu para Dresden, tendo estudado na Academia de Belas Artes da cidade. Veio ao Brasil pela primeira vez no ano de 1913 e expôs em São Paulo e Campinas. Retornou à Europa, vivendo na Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial. Volta de vez ao Brasil nos anos 1920. Casou-se em 1925 com Jenny Klabin e naturalizou-se brasileiro. Na década de 1920, auge do Modernismo, Lasar Segall se tornou amigo de Mário de Andrade (1893-1945) e de outros modernistas como o arquiteto Gregori Warchavchik, que projetou sua casa no bairro paulistano de Vila Mariana, onde hoje funciona o Museu Lasar Segall. Fundou a Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM). Faleceu em São Paulo, no ano de 1957. Ao iniciar a visitação, comente com seus alunos alguns aspectos da biografia do artista e, no decorrer da visitação, faça com que seus alunos observem a disposição das pinturas. Ao apreciar uma pintura, alguns aspectos devem ser considerados. Pense sobre o que ela transmite: • curiosidade, lirismo, delicadeza, força, movimento, angústia, ludicidade, tristeza, diversão, tranqüilidade, conforto, etc. • Observe se é uma obra figurativa ou abstrata e se existe um tema. • Perceba o tamanho da tela, a pincelada do artista, a textura, o material utilizado, inclusive o suporte, como tela, papelão ou madeira. Durante a visitação, além de apreciar as obras, chame a atenção dos alunos para as cores e a luminosidade do ambiente expositivo, o tamanho das obras e do espaço, e leia as informações que estão à disposição dos visitantes. Ao final, comente com seus alunos sobre as suas preferências, o que eles aprenderam e observaram, e ouça suas críticas e sugestões. Ao retornar à sala de aula, retome o assunto através do desenvolvimento de atividades. A seguir sugerimos uma série de atividades didáticas dirigidas especialmente para o trabalho em sala de aula a partir das obras expostas. Dessa forma o professor desenvolverá os três eixos norteadores da arte-educação na escola: o apreciar ao visitar a exposição, o contextualizar quando comenta sobre a biografia e as informações históricas referentes ao artista, e finalmente o fazer, ao desenvolver as atividades a partir do tema. As atividades a seguir estão divididas de tal forma a atender os interesses de professores de Educação Infantil, Ensino Fundamental 1 e 2, e Ensino Médio. Recomendamos, no entanto, que o/a professor/a leia todas as atividades e faça as adequações necessárias de acordo com a sua realidade.

EDUCAÇÃO INFANTIL

1- Mulheres errantes 2a versão, 1919-1920 xilogravura, 23 x 29 cm Primeiro momento: peça aos seus alunos que descrevam o que observam na obra. Conte a eles o que é xilogravura, isto é, uma gravura feita a partir de uma matriz de madeira. O artista escava a matriz, espalha a tinta com um rolo, coloca uma folha de papel sobre a tinta e a pressiona. As imagens escavadas na matriz ficam brancas e as partes mais altas ficam coloridas, impressas no papel. Peça aos alunos para localizarem, na obra, as partes altas da matriz. Segundo momento: neste período de sua vida, o artista produziu gravuras com fortes contrastes entre o branco e o preto, o claro e o escuro, o vazio e as formas geométricas bem definidas. Comente sobre o tema que o artista representou e chame a atenção para os rostos geométricos e simplificados. Terceiro momento: associe as formas dos rostos da obra com máscaras feitas de papel. Forneça modelos de máscaras semelhantes aos rostos da gravura. Peça que cada aluno desenhe e recorte sua máscara sobre cartolina branca e pinte com guache preto de tal maneira que a pintura fique com contrastes semelhantes à obra. Finalmente, proponha aos alunos que brinquem usando as máscaras. Atividade complementar interdisciplinar Arte-educação: linguagem corporal através de teatro de máscaras. Educação física: brincadeiras e jogos utilizando as máscaras.

2 – Paisagem brasileira, 1925 óleo sobre tela, 64 x 54 cm Museu Lasar Segall, São Paulo Primeiro momento: peça aos seus alunos que descrevam o que observam na pintura. Conte a eles que, nesse período de sua vida, o artista retornou ao Brasil definitivamente e no mesmo ano que produziu esta obra casou-se com uma brasileira e naturalizou-se brasileiro dois anos depois. Segundo momento: nesta obra, o artista representou uma paisagem urbana brasileira composta por casas simples, semelhantes às favelas que hoje existem nos morros e periferias de nossas cidades. Peça aos alunos que descrevam o ambiente desenhado. Observe os traços e contornos geométricos, os tons claros que se destacam nas formas quase sobrepostas. Terceiro momento: proponha aos seus alunos que desenhem a paisagem urbana do local onde moram em papel Canson A3 e giz de cera. Recomende que completem a paisagem com colagem de recortes geométricos de papel espelho coloridos. Atividade complementar interdisciplinar Matemática: estudo sobre as formas geométricas e ocupação do espaço. 

3 – Maternidade, 1935 bronze, 56 x 40,5 x 44 cm Museu Lasar Segall, São Paulo Primeiro momento: conte a seus alunos que o material desta escultura é o bronze. Explique que o processo de uma escultura feita em bronze é complexo e demorado: primeiro o artista modela a forma no barro, passa para o gesso e em seguida faz um molde em cera revestindo o gesso, depois o molde é colocado em um forno por três a quatro dias. O espaço onde estava a cera fica vazio porque ela derrete. E é nesse espaço que é despejado um caldo de bronze derretido a 1400 graus. Este processo é conhecido como “cera perdida”. A peça ficará pronta quando o bronze fundido tomar a forma do molde. Depois o artista quebra o molde e retira a escultura para dar os retoques finais com vários instrumentos: lixas, limas e cinzéis. O bronze é formado por três materiais: cobre, estanho e zinco. Segundo momento: peça que os alunos descrevam o que observam na escultura. Nesta obra, o artista representou uma mãe e seu filho, ou filha. Relacione o tema maternidade à escultura e comente sobre a intenção do artista em representar o carinho maternal através da posição das figuras, do olhar e da postura da mãe. Comente que ela está sentada, vestida e com pés descalços no chão. Faça com que seus alunos imaginem e verbalizem o nome da mãe e da criança, onde moram, como vivem e, em grupo, criem uma pequena história sobre a dupla da escultura. Terceiro momento: a partir da observação da escultura, proponha que cada aluno construa a sua escultura com objetos de sucata sobre o mesmo tema: garrafas de plástico para o corpo, guardanapos de papel para vestidos, e assim por diante. Faça com que seus alunos sugiram outros materiais e soluções. Atividade complementar Interdisciplinar 1) Língua Portuguesa: produção oral e escrita através da criação de histórias sobre as figuras representadas na escultura. 2) Ciências e Meio ambiente: considerando a atividade com sucata, comente sobre a importância do reaproveitamento de materiais para a preservação do meio ambiente, a questão da reciclagem e o consumo consciente.

ENSINO FUNDAMENTAL 1
1 – Menino com lagartixas, 1924 óleo sobre tela, 98 x 61 cm Museu Lasar Segall, São Paulo Primeiro momento: peça aos seus alunos que descrevam o que observam na obra. Conte a eles que, nesse período de sua vida, o artista se encantou pelo Brasil e pelo povo brasileiro. Nesta pintura percebemos a singeleza e o lirismo da imagem que mostra um menino brincando com as lagartixas no meio de um bananal, planta típica de um país tropical como o Brasil. Os temas da cultura brasileira eram os principais assuntos do movimento modernista. Comente com seus alunos como as cores, as formas e as figuras desta obra de Segall lembram o povo, a cultura e a paisagem brasileira. Segundo momento: podemos notar que o menino é o ponto focal, a primeira figura que chama a atenção de quem observa a obra. A cor amarela destaca as lagartixas. Percebe-se um ambiente com pouca luminosidade no meio de um denso bananal. Comente e observe junto com seus alunos as sombras escuras das folhas das bananeiras que dão impressão de profundidade e movimento. Terceiro momento: proponha a realização de um grande painel em grupo. Com lápis preto, os alunos desenharão as folhagens, o menino e as lagartixas sobre uma folha tamanho A2. Com tesoura sem ponta, recortar formas em papel crepom verde e colar sobre os desenhos das folhas da bananeira. Com pincel e tinta guache colorida, pintar o restante do painel. Atividade complementar interdisciplinar Ciências e Meio ambiente: considerando a imagem da obra de Lasar Segall, faça uma reflexão sobre a importância da preservação dos ecossistemas, a função dos pequenos animais no equilíbrio ecológico, a vegetação tropical e a questão da sustentabilidade no meio ambiente.

2 – Mário na rede, 1929 ponta-seca, 25,5 x 32 cm Museu Lasar Segall, São Paulo Primeiro momento: peça aos seus alunos que descrevam o que observam na obra. Explique a técnica de gravura em ponta-seca. Trata-se de um processo de gravura em chapa de cobre (calcografia) sem uso de vernizes ou ácidos. O artista faz incisões com um pontalete de aço com ponta de diamante. Ao desenhar, o artista segura o pontalete em posição diagonal para obter rebarbas que ajudarão na impressão. Depois, ele imprime o desenho no papel e a imagem obtida é suave e clara. Esse tipo de gravura é delicado e a matriz permite a impressão de poucos exemplares dessa gravura. Segundo momento: pergunte aos alunos se já tiveram a oportunidade de dormir ou balançar em uma rede, e explique que se trata de um objeto muito comum nos lares do interior do Brasil, no norte e no nordeste. Comente que Mário de Andrade foi um pesquisador e escritor que registrou os costumes e a cultura brasileira, e seu trabalho foi muito importante para o movimento modernista. Segall o homenageia nesta obra pela amizade que existia entre eles. Terceiro momento: peça aos alunos que observem atentamente a obra de Segall e com lápis preto desenhem em uma folha de papel A3, a figura de Mário de Andrade sentado na rede. Em seguida, peça que façam um balão de pensamento sobre sua cabeça e escrevam o que Mário estaria imaginando naquele momento de descanso. Solicite que os alunos justifiquem o texto. Atividade complementar interdisciplinar: Português: criação de texto a partir do desenho. Geografia: estudo dos usos e costumes brasileiros e o resgate das manifestações culturais brasileiras por Mário de Andrade.

3 – Natureza-morta com vaso de flores, 1913 óleo sobre tela, 58 x 43 cm Primeiro momento: peça aos seus alunos que descrevam o que observam na obra. Explique que natureza-morta é uma obra com a representação de seres inanimados. Neste caso, um vaso com flores e um prato com frutas sobre uma mesa. Segundo momento: comente que no mesmo ano em que Lasar Segall produziu esta obra, 1913, ele veio pela primeira vez ao Brasil e expôs em São Paulo e Campinas. Trata-se de uma obra figurativa, com fortes traços e cores. Nesse tempo, ele estudava na Alemanha, cuja arte é fortemente expressiva mesmo antes do movimento expressionista. Faça com que os alunos percebam a intenção do artista em representar os objetos expressivamente. Chame a atenção para a linha de inclinação da mesa, o que provoca uma sensação de desequilíbrio no espectador. Terceiro momento: peça aos alunos que observem atentamente a obra de Segall e, depois, com pincel e tinta guache colorida, desenhem e pintem uma natureza-morta sobre uma tela A4. Atividade complementar interdisciplinar: Ciências: comente com seus alunos sobre os fenômenos físicos referentes à luz, e o estudo de policromia, monocromia, e círculo das cores: primárias, secundárias, terciárias, análogas, complementares, quentes e frias.

ENSINO FUNDAMENTAL 2 
1 – Auto-retrato, c. 1914
tinta preta a pincel sobre papel, 32,8 x 21 cm Primeiro momento: comente sobre o tema e a importância do auto-retrato para o artista. Explique que auto-retrato é a imagem do artista executada por ele mesmo, e por isso carregada de subjetividade e significado. Por exemplo, em algumas obras, Segall se auto-retratou como afro-descendente, um fato que chama atenção, pois ele era emigrante judeu. Talvez por isso sentiu afinidade com o povo de origem africana, de alguma forma por sofrer preconceitos e opressão social. Proponha aos alunos que descubram algumas semelhanças fisionômicas. Segundo momento: comente com seus alunos que o artista produziu esta obra em 1914, no início da Primeira Guerra Mundial, e foi nesse tempo que ele começou a produzir obras expressionistas, com forte carga emocional. Suas figuras são tristes, com linhas e formas angulosas e tendências geométricas, tal como a tela Duas amigas. Terceiro momento: peça que cada aluno faça uma cópia ampliada de sua própria fotografia e observe a imagem e depois compare com a imagem refletida em um espelho. Peça aos alunos que dividam uma folha A3 em duas partes iguais. Numa das partes, com lápis de cor, o aluno desenhará seu auto-retrato como ele viu na fotocópia e na imagem do espelho. Na outra metade, com giz de cera, peça que os alunos desenhem e pintem um auto-retrato modificando suas características físicas (cor de pele, cabelo, cor dos olhos, formatos da boca e do nariz, etc). Peça que os alunos exponham os dois desenhos e comparem os resultados. Faça com que comentem e reflitam sobre as suas preferências. Atividade complementar interdisciplinar: História: comente sobre a Primeira Guerra Mundial. Geografia: promova uma reflexão sobre a questão da inclusão social, o papel dos emigrantes na formação da sociedade brasileira e a questão da discriminação racial no mundo. Discuta sobre o papel do cidadão crítico, transformador e participativo.
2 – Mulato II, c. 1924 óleo sobre tela, 64,3 x 45,5 cm Primeiro momento: peça aos seus alunos que descrevam o que observam na obra. Conte a eles que, nesse período de sua vida, o artista se encantou pelo Brasil, principalmente pelo povo e produziu várias obras com temas sociais, tal como esta. Conte que Lasar Segall foi um pintor estudioso e dedicado, ele mesmo preparava suas telas e trabalhava por cerca de dez horas por dia. Segundo momento: comente com seus alunos sobre a estrutura da composição onde se vê o garoto em primeiro plano, as cores e os adornos decorativos em segundo plano. O artista utilizou os tons bem coloridos e vibrantes, e as linhas com planos geométricos definidos são mais organizadas, mostram menos tensão do que no período anterior expressionista. Terceiro momento: peça aos seus alunos que pesquisem e recortem de revistas uma figura com um garoto na posição semelhante à obra. Em seguida, solicite que o aluno desenhe quadrados ou retângulos com lápis preto sobre uma folha de papel A3. Peça que pintem os quadrados com tinta guache colorida. Depois de seco, colar a figura do garoto sobre os quadrados coloridos. Atividade complementar interdisciplinar : Matemática: faça com que seus alunos calculem a proporção da figura em relação ao tamanho da folha A3 e calculem quantas formas geométricas cabem no espaço da folha.

3 – Gado na montanha, 1939 óleo e areia sobre tela, 60 x 65 cm Museu Lasar Segall, São Paulo Primeiro momento: peça aos seus alunos que descrevam o que observam na obra. Conte a eles que, nesse período de sua vida, Lasar Segall passou a utilizar tonalidades mais refinadas que se tornaram características de suas obras desse tempo. Os tons ficaram mais suaves, com predominância das cores frias. Nesse período, Segall produziu várias paisagens sobre a região montanhosa de Campos do Jordão. Segundo momento: faça com que seus alunos percebam a perspectiva no espaço da tela quanto ao tamanho e as formas das montanhas e dos animais. As sombras são suaves, mas indicam o volume das figuras. Não há detalhes nos animais, como os olhos, e não existem árvores frondosas e vegetação abundante. O ambiente representado é árido, quase deserto, o que faz com que o espectador centralize seu olhar nos animais, os únicos seres “vivos” na paisagem. Proponha uma situação problema aos seus alunos: “Como o gado poderia sobreviver com pouca vegetação para se alimentar? Seria esta a intenção do artista?”. Terceiro momento: faça com que seus alunos preparem alguns potes de tinta feita a partir da mistura de terra peneirada, goma arábica e alguns pingos de guache colorido em tonalidades frias. Peça que cada aluno desenhe com lápis preto, uma paisagem sobre papel Canson A3. Em seguida, com pincel, pintar os desenhos com as tintas terrosas preparadas anteriormente. Atividade complementar interdisciplinar : Matemática (desenho geométrico): explique sobre perspectiva, ponto de fuga e ponto de vista no desenho geométrico. Ciências: comente sobre a questão ambiental, a cadeia alimentar e a preservação do meio ambiente quanto aos animais e a vegetação necessária para sua alimentação.

ENSINO MEDIO
1 – Duas amigas, c. 1914 óleo sobre tela, 85 x 79 cm Primeiro momento: comente com seus alunos que o artista produziu esta obra em 1914, no início da Primeira Guerra Mundial e foi nesse tempo que ele começou a produzir obras expressionistas, com forte carga emocional. Suas figuras são tristes, com linhas e formas angulosas e tendências geométricas. Proponha aos alunos uma pesquisa sobre o movimento expressionista na Alemanha com destaque para o grupo Die Briicke (A ponte). Comente ainda sobre a importância da vinda de Lasar Segall ao Brasil em 1923 – a partir dela, a arte expressionista alemã passou a servir de contraponto à influência francesa, representada por Tarsila do Amaral (1886-1973), Vicente do Rego Monteiro (1899-1970) e outros modernistas. Segundo momento: faça com que seus alunos apreciem a obra sob diferentes aspectos: cor, forma, tema, intenção do artista, luminosidade, perspectiva, volume, tensão e expressão – por exemplo, chame a atenção para o fundo escuro destaca as figuras femininas em primeiro plano. Proponha uma discussão entre grupos: um deles defenderá o Academicismo que valorizava a proporção “perfeita” das formas, as luzes e sombras para dar a sensação do volume e a perspectiva no plano, e o outro grupo defenderá o movimento expressionista que valorizou a liberdade expressiva do artista através das cores e formas. Terceiro momento: peça aos alunos que pesquisem e recortem fotos de atores ou atrizes. Com lápis de cor, deverão representar as figuras das fotos por meio de traços geométricos sobre papel Canson A3 e pintá-las com lápis aquarela e carvão. Atividade complementar interdisciplinar : História: Lasar Segall era judeu e por isso, em sua vida, sofreu momentos de discriminação racial, inclusive esteve confinado por um tempo na cidade de Meissen, próxima a Dresden, onde morava, durante a Primeira Guerra Mundial. Suas obras foram desconsideradas, ridicularizadas e banidas pelo Regime Nazista na Europa. Faça com que os alunos pesquisem, discutam e reflitam sobre a importante e significativa relação entre Arte e Política, em alguns momentos da história da arte européia e também brasileira, tanto no período do Império como no período getulista.

2 – Figura feminina com espelho, 1922 óleo sobre tela, 75 x 62,5 cm Museu Lasar Segall, São Paulo Primeiro momento: comente com seus alunos sobre a importância do ano de 1922 para a história da arte brasileira, marcado pela realização da Semana de Arte Moderna. Segundo a opinião de Mário de Andrade, mesmo com a passagem de Segall pelo Brasil em 1913, o início do Modernismo ocorreu, de fato, com a exposição de Anita Malfatti em 1917. Lasar Segall, vindo para o Brasil em 1923, associou-se ao grupo modernista. Em 1927 ele se naturalizou brasileiro e constituiu família brasileira, ao casar-se com Jenny Klabin Segall, com quem teve 2 filhos. Foi também um dos fundadores da SPAM, Sociedade Pró-Arte Moderna, em novembro de 1932. Segundo momento: peça que os alunos verbalizem o que observam na obra. Chame a atenção para o título, no qual o artista se refere a um espelho. Nota-se alguma influência cubista, com as cores e volumes chapados e a distorção das formas tal como uma imagem refletida e transformada pelo pintor. Terceiro momento: traga um espelho e alguns objetos para a sala de aula, e coloque-os sobre uma mesa. Peça que seus alunos observem a imagem dos objetos refletida no espelho, sob diferentes ângulos e pontos de vista. Com pincel e tinta guache, solicite aos alunos que representem, em desenho e pintura, as imagens que observaram no espelho. Atividade complementar interdisciplinar : História: pesquisa sobre a importância da Revolução de 1930 e o movimento constitucionalista de 1932 como eventos que contribuíram para a Arte Social desse novo rumo à produção dos modernistas, nesse período. Ciências: estudo sobre ótica, reflexão da luz e seus fenômenos físicos.

3 – Navio e montanhas, 1930 ponta-seca, 28 x 41,5 cm Museu Lasar Segall, São Paulo Primeiro momento: peça aos seus alunos que descrevam o que observam na obra. Na gravura em ponta-seca o artista utiliza uma chapa de cobre como matriz, tal como a calcografia, porém, sem uso de vernizes ou ácidos. Ao desenhar, o artista faz incisões com um pontalete de aço com ponta de diamante em posição diagonal para obter rebarbas que ajudarão na impressão do desenho no papel. Esse tipo de gravura é delicado e a matriz permite a impressão de poucos exemplares dessa gravura. Segundo momento: comente que o artista produziu uma série de gravuras no final da década de 1920 e início de 1930. Um de seus temas mais freqüentes representava os espaços abertos com céu e mar e as viagens dos emigrantes em navios. Nesta obra, o tema é representado em ponta-seca, com suavidade e clareza. Segall possuía técnica exemplar, visto que foi um estudioso das artes plásticas desde jovem em sua terra natal. O resultado de sua formação artística é um conjunto de obras com técnicas apuradas e forte densidade emocional. Terceiro momento: proponha aos alunos que reproduzam os temas céu e mar, navio e emigração, com lápis aquarela sobre papel Canson A4. Atividade complementar interdisciplinar : Português: redação sobre a importância do estudo de biografias, sobre as escolhas e a vida profissional de um indivíduo. História: estudar a importância dos emigrantes para a economia de uma país e as transformações culturais que ocorrem a partir de sua integração na sociedade.

SUGESTÕES DE LEITURA /TÍTULOS DE NOSSA EDITORA
Coleção história da arte brasileira para crianças

A autora escreve especialmente para o público infanto-juvenil sobre os fatos mais marcantes da arte brasileira, e assim mostra, em linguagem clara, a evolução da cultura artística do país. Na coleção, editada em seis volumes, apresenta a obra dos artistas viajantes pelo Brasil entre os séculos XVII e XIX. A Academia Imperial de Belas Artes e os maiores artistas do século XIX; o Modernismo e o nascimento de um movimento genuinamente brasileiro; a grandeza do Abstracionismo; o requinte da arte barroca em nosso país e a importância da arte popular brasileira para o conhecimento da nossa cultura. Nereide Schilaro Santa Rosa, Edições Pinakotheke, Rio de Janeiro, 2002/2003.
Sarewa: uma viagem com a Expedição Langsdorff
Numa narrativa na primeira pessoa, o jovem indígena Sarewa, personagem fantástico, descreve para o pequeno leitor, as dificuldades e o clima aventureiro da Expedição Langsdorff (1821-1829), que representa um dos mais importantes acontecimentos culturais e científicos do Brasil. Os fatos da expedição, nesta aventura sem caráter histórico, são enriquecidos por trechos verídicos extraídos do diário do barão de Langsdorff. Através deste livro primorosamente ilustrado e colorido, o público leitor infanto-juvenil vai entender a importância das expedições científicas no Brasil do século XIX, tanto para a ciência como para a arte, visto que desenhos realizados durante a viagem são registros importantes de nossa cultura e nossa gente. A narrativa é acompanhada por um suplemento didático e um glossário. Nereide Schilaro Santa Rosa, Edições Pinakotheke, Rio de Janeiro, 2004.
História de São Paulo através da arte

Para homenagear a Cidade de São Paulo no ano de comemoração dos 450 anos de sua fundação, a autora dirige-se ao público infanto-juvenil para contar, em linguagem extremamente agradável, a história de São Paulo, a maior cidade do Brasil, através da evolução das artes plásticas. Ilustram o texto reproduções de obras de arte – pinturas e esculturas dos mais importantes artistas brasileiros como Alfredo Volpi, Victor Brecheret, Tomie Ohtake, Candido Portinari, entre outros. Nereide Schilaro Santa Rosa, Edições Pinakotheke, Rio de Janeiro, 2004.
Vistas e paisagens do Brasil

A autora conta como as mais variadas regiões brasileiras, do norte ao sul do país, influenciaram artistas brasileiros e estrangeiros que vinham em busca das inspirações de um mundo novo. Leva o leitor a passear pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Bahia, ciceroneado pela visão e a inspiração dos nossos maiores expoentes artísticos. Pode-se notar a evolução da arte brasileira, desde a pintura de caráter documental dos pintores viajantes nos séculos XVII a XIX, como Montanus, Frans Post e Rugendas, até a visão contemporânea e abstrata de artistas como Cláudio Tozzi e Gregório Gruber, passando pelos traços modernistas de Cícero Dias, Candido Portinari e José Pancetti. Nereide Schilaro Santa Rosa, Edições Pinakotheke, Rio de Janeiro, 2005.
Arte-educação para professores: teorias e práticas na visitação escolar

Este livro tem como propósito auxiliar o educador a enriquecer o seu trabalho com arte-educação em sala de aula, por meio de uma reflexão sobre a questão da visitação de alunos aos espaços expositivos. Pretende-se que após a sua leitura esse educador esteja efetivamente preparado para levar o aluno a compreender a importância do contato visual com uma obra de arte dentro de um espaço especialmente elaborado para essa finalidade, e que este momento seja plenamente proveitoso, tanto no seu aspecto didático-pedagógico, como na geração de crescimento pessoal e estético. Nereide Schilaro Santa Rosa e Neusa Schilaro Scaléa, Edições Pinakotheke, Rio de Janeiro, 2006.
Versos para um Rio Antigo – Poesia para crianças

O autor convida os leitores para um colorido e poético passeio pelo Rio de Janeiro do século XIX. Entre os locais visitados estão Copacabana, a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Centro da Cidade, a partir da inspiração de grandes pintores como Eliseu Visconti, Castagnetto, Debret, Grimm e Fachinetti, entre outros. Este livro, idealizado para o público infantil, sugere a retomada de uma prática quase esquecida no ambiente familiar e na sala de aula: a leitura falada de poesia. Henrique Rodrigues, Edições Pinakotheke, Rio de Janeiro, 2007.
Tudo muda: todo mundo, o mundo todo

Neste livro, um professor muito alegre e serelepe faz uma pergunta matreira pra sua classe: o que é que muda de cor, forma e tamanho de uma hora pra outra? A leitura ilustrada por belas pinturas de Aldemir Martins, um dos maiores artistas brasileiros, vai exercitar a imaginação das crianças. Tereza Yamashita e Luiz Brás, Edições Pinakotheke, Rio de Janeiro, 2007.